Rio de Janeiro, 1º ago (Xinhua) -- O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta sexta-feira que a Corte não "se curvará a ameaças covardes e infrutíferas" e que pretende ignorar as sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos.
Na primeira declaração pública do ministro após ser incluído pelo governo dos Estados Unidos na lista de sancionados pela Lei Magnitsky, Moraes enfatizou que os julgamentos em andamento seguirão o devido processo legal.
"As ações continuarão. O processo do STF não será adiantado, nem será protelado. O processo do STF ignorará as sanções impostas. Este relator ignorará as sanções que foram impostas e continuará trabalhando, como vem fazendo, no plenário, na Primeira Câmara, sempre de forma colegiada", afirmou.
Na cerimônia de abertura das sessões do segundo semestre, Moraes afirmou que o Tribunal continuará cumprindo sua missão constitucional.
"Em especial, neste segundo semestre, conduzirá o julgamento e as conclusões dos quatro núcleos das importantes ações penais relacionadas à tentativa de golpe de 8 de janeiro", enfatizou.
Em seu discurso, o relator do processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete acusados de liderar um plano golpista para promover um golpe de Estado no país afirmou que o Supremo Tribunal Federal não tolerará "ameaças".
Moraes argumentou que as "tentativas de obstrução da Justiça", perpetradas por brasileiros "supostamente patriotas" em favor de interesses estrangeiros, têm um único objetivo: obstruir o devido processo legal e garantir a extinção de processos criminais em benefício de pessoas que "se consideram acima da Constituição, da Lei e das Instituições".
Ele também afirmou que se trata de uma perpetuação da tentativa de golpe, baseada na continuação do mesmo "modus operandi" golpista.
"Ameaças aos presidentes das casas legislativas brasileiras sem o menor respeito institucional, sem o menor pudor, numa tentativa explícita de chantagem para obter uma anistia inconstitucional", enfatizou.
Em seu discurso, o juiz afirmou que uma organização criminosa está agindo de forma "covarde e traiçoeira para submeter o Supremo Tribunal Federal ao escrutínio de um Estado estrangeiro".
Moraes também agradeceu as palavras do presidente do STF, Luis Roberto Barroso, e do desembargador Gilmar Mendes, desembargador titular da Corte, em sua defesa contra as sanções impostas pelos Estados Unidos.